Vocação religiosa: como ouvir o chamado de Deus

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Deus Pai Criador conhece cada um dos seus filhos, e todos nós somos filhos de Deus. E Ele tem um plano para todos. Abre, para cada filho Seu um caminho que, se seguido conforme seu desejo, faz a pessoa feliz. E como posso ouvir este divino chamado? Colocando-me à escuta de Deus, procurar ser sempre mais próximo dele, ouvi-lo, falar com ele na oração, ter momentos de intimidade com Ele que ama com amor eterno. E esta intimidade com o Senhor faz com que ouçamos sua voz que fala no mais íntimo de nós mesmos e nos revela seu plano de amor. Uns são chamados para formar uma família, para serem leigos fervorosos, comprometidos que trabalham para o bem comum. Outros são chamados para o Sacerdócio ou para a vida religiosa consagrada.

Cada pessoa tem um modo próprio de perceber o chamado de Deus em seu coração. Neste texto vamos ver alguns aspectos que ajudam a discernir se o chamado é um convite a dedicar a vida ao Senhor como religioso ou religiosa. São João Paulo II escreveu: “Verdadeiramente, a vida consagrada constitui memória viva da forma de existir e atuar de Jesus” e Santa Teresinha do Menino Jesus disse: “Ó Jesus, meu amor…minha vocação, enfim, a encontrei, minha vocação é o amor. ”

Quem ouve e responde o chamado para a vida religiosa tem diante dos olhos o modelo perfeito, o próprio Jesus, o Consagrado por excelência, que veio ao mundo para servir e dar a vida em favor de todos. Se Ele chama também dá as condições para o seguimento. Como Ele chamou os Apóstolos? Não deu muitas explicações quando chamou cada um deles. Percebeu as disposições do seu coração. Depositou neles sua confiança e disse: “Segue-me”. Cada um no seu tempo, respondeu “sim” e seguiu o Mestre. Assim acontece com quem Ele chama hoje. Jesus sussurra no íntimo do coração “segue-me” e dá a graça necessária para seguir neste caminho que tem suas regras próprias que ajudam na vivência dos conselhos evangélicos de Pobreza, Castidade e Obediência, geralmente em uma Congregação Religiosa como a das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus.

Viver a vida religiosa não é abandonar, mas sim se tornar mais completo. É levar a presença, a luz e o amor do Coração de Jesus por onde passamos, a quem encontramos como os mais necessitados, os mais pequeninos, os mais queridos de Deus. Portanto, é um modo de tornar o mundo melhor. O Papa Francisco, refere-se à vocação religiosa como o “grande tesouro na Igreja, daqueles que seguem o Senhor de perto, professando os conselhos evangélicos”. O Santo Padre tem constantemente tratado da necessidade da presença dos jovens na Igreja, contribuindo à missão de não deixar que a instituição tão antiga, caia no erro de se tornar antiquada aos tempos de hoje. E que essa é uma missão que exige dedicação de todos.

Se nós pudéssemos compreender quanto Deus nos ama, nossa vida seria tranquila, alegre e nos tornaria desejosos de amá-lo sempre mais e doar a nossa vida para melhor servi-lo. Não são os inevitáveis sofrimentos da existência que nos haveriam de privar da serenidade e da alegria. Quando somos fiéis e correspondemos a esse amor que Deus nos tem ou nos arrependemos de nossas infidelidades, Deus tudo leva a bom termo, em seu amor eterno e infinito. Tenhamos sempre a certeza de que Deus não falta a quem nele confia, e coragem para uma conversão que dá rosto e alma nova à nossa vida. 

Podemos e devemos olhar também para os Santos. Quantos homens e mulheres, mesmo jovens e rapazes, não empreenderam o “caminho” de uma vida verdadeiramente cristã, mesmo, muitas vezes, partindo da terra morta do pecado! Deus ama e chama. Não há lugar para prantos estéreis, para o desespero. Deus está conosco, caminha conosco para nos levar ao seu “reino” onde domina o amor, a fraternidade, a alegria. Cultivemos a esperança. 

A Bem-Aventurada Clélia Merloni que fundou o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus sempre teve um cuidado especial para com as jovens que sentiam o chamado à Vida religiosa. Falava-lhes do Coração de Jesus como o centro de suas vidas e dizia-lhes que o “objetivo do nosso Instituto é belo, sublime e santo; mas para alcançá-lo é preciso: pureza de intenções, generosidade de espírito, esquecimento de si para não viver e sacrificar-se senão por Deus. Portanto, a pessoa que o Sagrado Coração chama para esta missão, deve recordar-se que, se a sua vocação é esplêndida, ela tem uma maior obrigação de valorizá-la, de cuidar dela e de cultivá-la. Por isso, deve agradecer a Deus por ela, com todo o seu coração e suplicar-lhe que lhe dê a graça da santa perseverança, para poder contemplar livremente, um dia no céu, aquele Sagrado Coração que, na terra, chamou-a à dignidade de sua Esposa, fazendo-lhe sentir toda a doçura do seu amor, a necessidade de salvar-lhe as almas.

Continua a Madre: “Quanto mais serão respeitosas, humildes,  (daquele respeito e daquela humildade que dependem de um vivo espírito de Fé), simples, retas, mais graças obterão do bom Deus, serão mais seguras de perseverar na vocação de Apóstola, de fazer progresso nas virtudes, que o Sagrado Coração lhes pede e que o espírito do Instituto exige. ”

Responder ao chamado de Deus é sempre uma aventura, porém Deus merece este risco. Você é uma vocação. Você é um chamado. Encontramos na Bíblia muitos chamados feitos por Deus: Abraão, Moisés, os profetas… Em todas as escolhas, encontramos: Deus chama diretamente, pela mediação de fatos e acontecimentos, ou pelas pessoas. Deus toma a iniciativa de chamar. Escolhe livremente e permite total liberdade de resposta. Deus chama em vista de uma missão de serviço ao povo. 

Esteja atento a este chamado. A graça passa e não volta mais. Se responder, terá todas as graças e forças para viver este dom a ser colocado a serviço de quem mais precisa, dos pequeninos que estão no coração de Deus. 

Ir. Maria Josefina Suzin, ascj