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Nas últimas semanas, para não dizer desde sempre no Brasil e em tantos países do mundo, temos observado reações e manifestações em favor da população negra, que continua sendo discriminada e deixada de lado na sociedade. O racismo é um tema delicado e ao mesmo tempo tão necessário por tratar de um valor precioso: o direito à vida, e como disse Jesus, à “vida em abundância”.
O filme Estrelas além do tempo – talvez o título original retrate melhor a intenção do diretor: Figuras Ocultas – trata de uma época, mais precisamente a década de 60, em que, nos Estados Unidos, a segregação racial era evidente e “normal”. O filme não só apresenta as discriminações contra as mulheres e destaca aquelas que exerciam determinadas funções ou almejavam certos cargos – anteriormente ocupados somente por homens – mas também mostra o preconceito racial latente.
Porém, sendo clichê ou não, a história de superação das três mulheres lutando por seus direitos é envolvente, ainda mais por de ter como base histórias reais. Outras figuras que aparecem na trama fazem perceber que a discriminação, ou melhor, o pensamento racista pode vir da própria família e inclusive não existir onde seria esperado: em grupos da elite branca.
O que nos faz pensar: onde nasce o racismo? Até onde este tipo de pensamento me atingiu ou a minha vizinhança? É fácil pensar e julgar fora de nós. Mas o convite hoje é para olhar para dentro de nossos sentimentos, e percebê-los com sinceridade.
Depois de ver o filme, algumas indicações para a oração:
Certa vez, circulou nas redes sociais um vídeo de uma experiência com crianças em que era pedido a elas que “maltratassem” a uma outra que era negra. E foi bastante interessante perceber as reações das mesmas ao não conseguir; e algumas chegaram a chorar, pois não queriam fazê-lo.
O objetivo da experiência era exatamente fazer com que o expectador chegasse à seguinte conclusão: não nascemos preconceituosos, mas o ambiente e as relações futuras podem nos tornar como tais.
E esta experiência me fez lembrar muito da passagem em que Jesus nos convida a sermos como crianças. Sabemos que crianças podem não ser totalmente comportadas, e que são fruto do ambiente em que crescem, mas acho que, no fundo, o que Jesus quis dizer é: preservem aquilo de bom que Deus colocou em você quando o criou. Deus o fez bom! Capaz de bondade!
Se Deus nos criou para a bondade, Ele quer que nossa vida seja plena, que possamos levar até o mais alto grau as graças e dons que ele nos ofereceu desde a nossa criação.
Por isso, ao rezar sobre o preconceito que existe no mundo, percebemos que, quando agimos assim, nos colocamos no lugar de Deus, e não deixamos que alguns tenham vida, para que outros possam ter mais. Colocamos a nós mesmos como supervisores da balança e decidimos que lado deve pesar mais.
Administradores sim, mas juízes, não.
Por fim, vale a pena pensar se estamos de alguma forma favorecendo ou desfavorecendo a vida de quem está ao nosso redor. Pensemos principalmente nos mais pobres que, na grande maioria dos países, são também negros – não por acaso.
O que tenho feito para contribuir, como bom administrador da graça, ou da balança de Deus, para que todos e não apenas alguns possam ter vida em abundância? Não é necessário grandes carismas ou ideias mirabolantes. Temos muitas iniciativas idôneas que já existem e têm capacidade pra isso. Apoiemos uns aos outros!
Convido a rezar uma passagem da Sagrada Escritura que se encaixa bem com este pequeno filme, e tê-la em mente nos próximos dias. Talvez escrevendo o trecho que mais lhe tocou em uma folha e pendurá-la em um local de passagem ou estratégico da casa.
“Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando uma criança, a pôs no meio deles. E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe”. (Mt 18, 1-5)
Senhor da Vida, da Beleza e
da Bondade das criaturas,
Tu nos criaste para o Bem!
Dai-nos sempre olhar o exemplo dos mais pequeninos,
E lembrar-nos de seu olhar paterno para nós.
Move o nosso coração aos que mais precisam,
E tira de nós todo preconceito.
Que nosso coração seja reto, justo, santo
Como tu nos criaste, e assim nos desejas.
Amém.
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