Janeiro Branco: saúde mental no trabalho e conciliação com a família

A Campanha Janeiro Branco traz um importante debate a respeito dos cuidados com a saúde mental e, em um momento de pandemia e isolamento social, esse assunto tornou-se ainda mais evidente, principalmente quando leva-se em conta as mudanças de rotina no trabalho e a conciliação com as demandas do lar e da família.

A relação trabalho e família é, muita vezes, tida como uma corrida no tempo, em que os compromissos profissionais acabam sendo priorizados. No entanto, é essencial estabelecer uma escala de prioridades, uma vez que o equilíbrio entre as duas dimensões é fundamental para a preservação da saúde física e mental.

Pensando nisso e em apoio à Campanha Janeiro Branco, a Sagrado Rede de Educação convidou a psicóloga Giovanna Beatriz dos Santos para uma conversa a respeito da conciliação entre o trabalho e a família, associando as rotinas pessoal e profissional à qualidade de vida.

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Conciliação trabalho e família

Ao mesmo tempo que o trabalho faz com que as pessoas se sintam mais úteis e motivadas, a família é um ponto de apoio, trazendo o equilíbrio emocional necessário para as situações do dia a dia. 

A psicóloga Giovanna ressalta que “para que o indivíduo esteja apto a usufruir das suas relações pessoais e profissionais, é importante que ele cuide de sua saúde mental. Estar sadio mentalmente não significa não ter transtornos mentais, mas sim ser capaz de experienciar o bem-estar e exercer suas habilidades pessoais e profissionais”.

Giovanna explica, também, que o ser humano é multidimensionado, ou seja, as dimensões da vida de uma pessoa exercem influências umas sobre as outras. Dessa forma, quando o indivíduo é desvalorizado em seu trabalho ou não se sente realizado profissionalmente, por exemplo, seu descontentamento terá impacto direto em sua autoestima, que, por sua vez, resultará em uma interferência na vida pessoal e nas relações familiar e conjugal.

Conciliação trabalho e família durante a pandemia

Com a adoção das medidas de isolamento, durante a pandemia, muitas pessoas precisaram adaptar suas rotinas para “levar o escritório para casa”. Nesse momento, o desafio de conciliar o home office, as atividades domiciliares e o relacionamento familiar exigiu ainda mais da saúde mental.

É fato que o trabalho remoto oportunizou mais momentos em família, ao mesmo tempo que exigiu um maior gerenciamento do tempo para que todas as demandas pessoais e profissionais fossem atendidas. A falta da delimitação física entre o trabalho e o lar acabou, muitas vezes, fazendo com que os indivíduos excedessem a carga horária das atividades profissionais, diminuindo o tempo que antes era dedicado às relações pessoais. 

Por isso, Giovanna destaca a importância do sujeito ter controle sobre a distribuição do seu tempo nas diversas dimensões de sua vida, isso é, o quanto ele se dedica ao trabalho, à família e à conjugalidade. 

“Para muitas pessoas, a pandemia dificultou essa conciliação, já que a distribuição do tempo sofreu uma desorganização. Me refiro a uma certa ‘invasão’ da família pelo trabalho e do trabalho pela família”.

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Práticas no dia a dia para a conciliação trabalho e família

O primeiro fator a ser considerado quando se fala em conciliação trabalho e família é o autoconhecimento. Para que seja possível equilibrar as demandas pessoais e profissionais é preciso que o indivíduo compreenda a forma como deseja distribuir seu tempo. O que não abriria mão de fazer? Quais atividades são importantes para sua saúde mental?

“Como eu disse, a vida é um direcionamento de energia vital e, quanto mais energia vital se despende para uma área da vida, menos sobra para a outra; e o autoconhecimento serve para saber quanto de energia o sujeito quer direcionar para cada área da vida”, explica Giovanna.

Assim como no trabalho, as tarefas domésticas também precisam ser divididas, organizando-se e comprometendo-se com suas responsabilidades. E, mais uma vez, chegamos ao autoconhecimento, de maneira que a pessoa tenha compreensão de onde se quer chegar pessoal e profissionalmente e do que está disposta a abrir mão em cada uma das dimensões. 

“Quando se desconhece os próprios desejos e objetivos, pode acontecer das dimensões da vida se entrecruzarem de uma forma negativa”.

O papel da empresa e do trabalhador na promoção da saúde mental

O trabalho costuma ser o local onde o indivíduo passa a maior parte do seu tempo e, por isso, é essencial que a empresa preze pelo acolhimento e pertencimento do colaborador, exercendo estratégias para reconhecer o perfil de cada um e contribuir com seu bem-estar. 

Dentre as medidas que podem ser tomadas dentro da organização, a principal é respeitar a dimensão humana do sujeito, uma vez que um trabalhador saudável mentalmente produz mais e, consequentemente, traz mais resultados para a empresa. 

“É necessário implantar nas empresas culturas organizacionais que envolvam relações horizontais, ou seja, que todos sejam vistos e tratados como parte do sucesso e, portanto, todos se beneficiam dele”, aponta a psicóloga.

Além disso, também parte do colaborador respeitar sua dimensão pessoal, mantendo, em sua rotina, atividades que são importantes para seu bem-estar e evitando a sobrecarga. 

Giovanna finaliza dizendo que “em caso de algum elemento da vida profissional ou alguma relação profissional estar sendo ameaçadora para sua saúde mental, é importante que o sujeito procure ajuda psicológica para pensar em uma saída sadia para a situação”.

Palestra Online: Conciliação Trabalho - Família

Na próxima segunda-feira, 24 de janeiro, a Psicóloga Giovanna Beatriz dos Santos realizará uma palestra online com o tema “Conciliação Trabalho - Família” e, se você leu essa matéria até aqui, com certeza não perderá essa oportunidade. 

A partir das 20h05, a Sagrado Rede de Educação estará ao vivo no link https://bit.ly/janeirobranco-live promovendo esse debate em apoio à Campanha Janeiro Branco.